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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

ETERNA BUSCA DO HOMEM EM SI MESMO


Lucas Fortunato Carneiro [1]
Prof. Ms. Gilzane Naves


RESUMO: A discussão desenvolvida neste trabalho envolve uma realidade muito presente hoje, a da angústia e o desespero. O que seriam estes dois conceitos aplicados no atual ser humano e na sua concepção de mundo ? O filósofo Soren Aabye Kierkegaard é a base de toda a discussão: apesar de ter vivido em outra época, a sua temática de trabalho é bem atual, tratando da verdadeira realidade existencial do ser e da sua busca constante de si mesmo. O buscar-se a si exige coragem e determinação do ser humano, pois é necessário que se assuma as conseqüências de tal atitude. Mergulhar em si mesmo significa assumir as escolhas feitas e principalmente vive-las de modo intenso de forma que exista libertação de toda forma que aliena o homem. Portanto, o foco da discussão é a busca do homem em si mesmo e a busca pela sua real existência.

Palavras-chaves : Angústia, Desespero, Existência.

O que pode o homem buscar na modernidade? O que quer o homem buscar na modernidade? Estas perguntas são simples, mas não são fáceis de responder, pois o que o homem busca respostas fáceis, que não o forcem o a trabalhar a mente e principalmente que não tragam mudança em sua vida. A mudança exige do homem uma grande força de adaptação, e o adaptar-se exige muito.
O ato de angustiar-se e desesperar-se são características marcantes do homem na sua busca em si mesmo, o ato de buscar a sua essência em si mesmo, é necessariamente o ato do angustiar-se, pois chegando à nada como possibilidade dentro de si mesmo, o homem deve iniciar uma nova construção da sua existência. O desesperar-se seria a falta de esperança o fim de tudo, onde nada mais pode influenciar o homem, onde ele deve apresentar-se a si mesmo sem máscaras. Mostrar o seu real modo de existir diante da realidade, isto também seria o ato de mergulho em si mesmo. O autor que trabalha com bastante autoridade sobre este assunto é Soren Aabye Kierkegaard.
Kierkegaard tenta, com uma visão cristã recebida de seu pai, desenvolver este tema, mas para isso é necessário entender primeiro o conceito que ele desenvolveu de indivíduo, que é o primeiro agente do desespero e da angústia.
O indivíduo, após uma junção de finito com infinito, ou seja, tudo aquilo que existe de infinito se encontra na finitude do homem, sendo assim o homem é a síntese a junção de finito com infinito, o homem é resultado de um processo, mas um resultado que não consegue definir bem o seu estado de existência.
O homem é uma síntese de infinito e de finito, de eterno e de temporal, de liberdade e de , é, em suma uma síntese. Uma síntese é a relação de dois termos. Sob este ponto de vista, o eu ainda não existe (KIERKEGAARD, 1979, p.195).

Como Kierkegaard escreve sempre com uma visão cristã e sob influência do pai e da noiva, ele relaciona o homem com o ser supremo, ou seja, com Deus. O homem convive com todos os que estão ao seu redor, com a família, amigos, colegas de trabalho e escola. Mas se este mesmo homem não consegue se encontrar verdadeiramente com Deus, conseqüentemente ele cai no desespero, que assume três formas diferentes de ser demonstrado: “o desespero inconsciente de ter um eu (o que é o verdadeiro desespero); o desespero que não quer e o desespero que não quer ser ele próprio” (KIERKEGAARD, 1979).
Uma das principais características do homem que está em desespero é a de se tornar vítima de circunstâncias, ou de atos externos que acontecem ao seu redor, no meio em que está vivendo. A sua maior tendência é sempre de procurar uma saída, mas esta procura incessante pode agravar a situação de desespero na qual o homem se encontra. Mas esta conseqüência não chega na instância de morte, pois para o homem que se encontra em tal situação é impossível morrer, pois ele sofre muito, mas não tem coragem suficiente para dar um fim em si próprio.
Estar mortalmente doente é não poder morrer, mas neste caso a vida não permite esperança, e a desesperança é a impossibilidade da última esperança, a impossibilidade de morrer. Enquanto ela é o supremo risco, tem-se confiança na vida; mas quando se descobre o infinito do outro perigo, tem-se confiança na morte. E quando o perigo cresce a ponto de a morte se tornar esperança. O desespero é o desesperar de nem sequer poder morrer (KIERKEGAARD, 1979, p.199).

No entanto, quando o homem reconhece a sua situação de desespero, este sim está se aproximando da cura, pois este fato de reconhecer–se desesperado é o passo mais importante desta cura, desta forma, para que realmente a condição de desespero se instale no homem basta um simples ato de querer ou caso contrário basta a sua negação em relação ao desespero, que não mais estará em desespero. Na vida comum, no nosso dia–dia estar desesperado não é raro, pois pode acontecer com qualquer um, em um momento em que se encontrar sem esperanças, o desespero se instale e permanece estagnado no indivíduo. A simples afirmação de não estar desesperado já é uma forma de desespero, uma máscara usada para encobrir a situação na qual se está vivendo.
Quando se admite a realidade de desesperados não ficamos como uma pessoa doente patologicamente, tratando que o desespero é uma doença do . Por esta razão também descobre-se que bem antes de estarmos desesperados já estávamos em desespero, talvez em um desespero até mais intenso. O que aconteceu foi um simples afloramento que estava latente em nosso íntimo.
O homem não expressa claramente o desespero, pois imagina que não estar em desespero, por isso permanece calmo, sem se preocupar diante desta situação de desespero, ou seja, “esta calma, esta segurança podem ser desespero” (KIERKEGAARD, 1979, p.204). Mas nunca ter sentido tal situação alarmante pode ser sinal claro de desespero.
Para se falar em desespero, deve-se considerá–lo na forma de , porque não se pode falar em desespero como doença corporal, mas sim como estado. É por esta razão que não se deve falar em saúde imediata do , pois o está sempre em processo de formação. Para citar o em sua totalidade não se pode desviar de seu destino dialético, pois se acaso houver este desvio não se pode falar de desespero na alma. O desespero nada mais é que “a inconsciência em que os homens estão de seu destino espiritual” (KIERKEGAARD, 1979, p.205).
Os homens não estão se encontrando, estão vivendo em um mundo fora de si mesmos, não conseguem de forma alguma descobrir o destino certo de seus espíritos e nesta dúvida é que se localiza o verdadeiro desespero: o de não saber que dentro de si existe um , um “eu” que tem um destino, que se iludem nas coisas, objetos, pessoas que estão ao seu redor, atuando constantemente em seu .

Para encontrar realmente o local onde está a angústia e o desespero, basta procurar na própria felicidade, pois, como já foi dito no texto, o desespero está sob uma máscara e esta máscara é a felicidade. Se realmente o ser humano pensa que existi algo, estava completamente enganado, porque até mesmo a mais pura inocência é nada e quando é nada, o que pode existir é só desespero. ‘ Por isso esta inocência não basta para atravessar a vida. Se até o fim nada existe, além desta felicidade, nada se possui para a viagem, nada se ganha com isso, pois só se possui o desespero’ (KIERKEGAARD, 1979, p.205).

Quando não existe a vontade de nos livrar do desespero, surge a despreocupação, a satisfação em viver. Tudo isso é falso, porque na realidade o que se sente é o puro desespero, mas falta apenas aceitar esta situação para podermos enxergar uma saída para tal situação.
Portanto, a realidade do desespero se dá na situação de não aceitar a si mesmo, de não se entregar a uma busca continua do “eu” que existe dentro de nós mesmos, o que se difere um pouco da angústia que continua a ser um mergulho interior mas de uma forma diferente, onde a realidade se encontra na escolha, e de uma nova possibilidade de construção da existência.
A angústia em tempos antigos se deu pela ausência de Deus, ou seja, o total distanciamento de Deus, se isolar de tudo, mas parece que isso também acontece nos tempos atuais. A angústia dá-se por algo que é desconhecido, e este desconhecido é Deus. Por mais que se possa afirmar que conhecemos Deus ainda não o conhecemos, ouvimos falar algo dele, mas não o conhecemos na sua totalidade.
Por ser um Deus desconhecido, ele passa a nos impor uma angústia, porque não sabemos como agir, tornar o sentimento da escolha de uma forma de vida autentica no qual se encontre a Deus e também o sentimento do vazio interior.
Pela razão de o homem não saber o que realmente é Deus, tudo aquilo que pode ser considerado de forma errada pela moral humana se torna pecado, causando um sentimento de culpa e vazio dentro do homem, pois, ele passa de forma extrema a fazer escolhas para se livrar desta culpa do pecado.
A angústia é um sentimento de inquietude que está presente na fonte da livre opção. Não tem um objeto definido, como o medo e o pecado, seu objeto é quase um nada, para o filosofo nada é o estado onde o humano se encontra consigo mesmo. Não é uma falta, não é um fardo, nem mesmo um sofrimento consigo mesmo como o desespero. A angústia é o solo da liberdade, pois para se definir melhor, a angústia é a própria possibilidade de liberdade, mas nem sempre encontrou o caminho para esta liberdade, e a única forma de liberdade que conseguiu foi a opressão do outro.
O sentimento angustiante que o homem sente está relacionado com as suas escolhas. Ao viver o processo da escolha o homem mergulha em um grande abismo de angústia, pois ao fazer tal escolha o homem deve assumir as responsabilidades de tal escolha.
Kierkegaard mostra bem claramente como se da à relação angustiante do homem com as suas escolhas. O grande foco do filósofo é mostrar a forma que a angústia se apresenta e também as formas de lidar com tal angústia.
Na história da humanidade, a escolha esteve sempre muito presente nas relações humanas, mas para representar bem tal papel Abraão se mostra capaz a desempenhá-lo.
O ser humano, hoje, seria capaz de fazer à mesma escolha que Abraão fez, de sacrificar o próprio filho, em prol de sua fé e também em prol de uma escolha feita individualmente. Viver o processo de tremor e angústia não é fácil, pois somente alguns estão aptos a isso. Kierkegaard (1868, p.18) diz: ”o tremor e a angústia, não há quem se livre totalmente a não ser que consiga ir mais adiante desde muito cedo”.
Mesmo sendo apenas alguns aptos para o processo de angústia, todos os seres humanos estão condenados a viver a angústia, pois todos um dia vão fazer suas escolhas.
O homem que se coloca neste processo angustiante espera no fim do processo uma resposta para si mesmo, um resultado que pode levar o homem a uma conclusão da sua existência. O exemplo de Abraão mostra claramente que ele confiou na sua proposta de viver a angústia enquanto fiel e temente a Deus.
A angústia vivida por Abraão se dá na forma de sacrifício do próprio filho, e no final de tal processo ele recebe de seu Deus o seu filho de volta como resultado de um processo angustiante.

Era uma vez um homem que ouvira, em sua meninice , a maravilhosa história de Abraão, o qual, posto à prova por Deus, vencida a tentação sem perda da fé , recebida contra toda esperança o seu filho pela segunda vez (KIERKEGAARD, 1968, p. 21).

O maior problema do homem atual, enquanto processo de angústia é lidar consigo mesmo, lidar com o outro e lidar com Deus. O processo de escolha se dá na interiorização das coisas externas e vivência de um processo de escolha de tais coisas, após este processo o homem tem os resultados de tais escolhas.
As relações humanas que se dão na terra são muito que superficiais, não revelando nada que mostre ao homem o caminho a ser seguido, talvez seja possível ao homem superar tudo aquilo que vive na atualidade: relações conturbadas falta de condições de vida, não aceitação de sua existência enquanto tal. Porém, quem consegue se relacionar com Deus na sua liberdade, este sim é digno de ser observado.
[...] Pois aquele que se amou a si mesmo foi grande por sua pessoa, quem amou a outra pessoa foi grande porque se deu, porém aquele que amou a Deus foi maior que todos [...]. Este é o resumo dos combates feridos na terra, homem contra homem, um contra mil, porém aquele que combate contra Deus é o maior de todos (KIERKEGAARD, 1968, p.38).

Um dos grandes conceitos que o filósofo trabalha é a fé, para ele a fé pode levar o homem a superação de qualquer escolha, pois na fé tudo aquilo que é natural e material perde o seu sentido, desta forma o homem pode fazer coisas que na visão mundana são absurdas, mas aos olhos da fé não.
Os homens não são mais capazes de expressar a sua fé, expressar no sentido de vivenciá-la na vida real. Gastão (1968, p.42) diz: “A maioria exibe sua fé, mas não sente a não ser nos momentos de aflição”.
A escolha apresenta ao homem uma grande gama de possibilidades, que o leva a viver a angústia mais profunda de todas, a de escolher nas possibilidades.
O Homem ao buscar sua verdadeira realidade passa pela escolha em si mesmo, e no mundo ao seu redor, nem mesmo a fé esta sob o controle das possibilidades, pois na possibilidade tudo esta tão distante do homem que ele não consegue mais enxergar, ele não vê nem mesmo a fé, uma salvação. Sendo assim cai em profundo desespero, pois não mais crê na sua própria existência.


[...] A dizer a verdade não se trata nesse caso de fé, porém somente de remota possibilidade que presente o seu objeto no horizonte distante ainda que separado dele por um abismo onde se agita a desesperação. [...] contudo uma coisa é despertar justa admiração e outro ser a estrela que guia e salva o desesperado (KIERKEGAARD, 1968, p.42).

Mas na verdade de que foge o homem hoje? O homem foge do processo de angústia que o cerca de forma voraz e terrível. Processo este que envolve sua vida e suas escolhas e que ao mesmo tempo impõe a ele responsabilidade de assumir o que ele escolheu, sendo assim o homem cria uma máscara para não viver a angústia, mas é impossível para ele não angustiar-se.
[...] O que é omitido na história do patriarca? A angústia. Pois, enquanto em relação ao dinheiro não tenho qualquer espécie de obrigação moral, o pai acha-se ligado ao filho pelo mais nobre e mais santo vinculo. Como, contudo para os fracos de , a angústia constitui perigo, dexamo-la passar em silêncio. [...] (KIERKEGAARD. 1968, p.48).

A questão da angústia hoje mostra duas realidades no qual também Abraão viveu. A questão moral e a questão religiosa. Quantos neste mundo são julgados loucos pela sociedade pela razão da sua extrema fé e seus atos religiosos e quantos religiosos julgam civis por causa de seus atos contra a religião e contra o homem.
Na verdade, a angústia se encontra no homem, pois escolher um dos lados se torna algo aterrorizante.
[...] Debaixo do ponto de vista moral a atitude de Abraão exprime-se dizendo que desejou matar Isaac, e, debaixo de um ponto de vista religioso, que teve intenção de sacrificá-lo. Em tal contradição esta a angústia que nos leva à insônia e sem a qual, porém, Abraão não é o homem que é [...] (KIEKEGAARD, 1968, p.50).

Diante das escolhas que são tomadas a cada dia pelo homem, será que o próprio homem parou algum dia para pensar sobre estas escolhas? É necessário antes de tudo acalmar-se interiormente, tornar o silencio interior necessário, pois sem este silêncio não se encontra o caminho, é necessário mergulhar no vazio do interior humano. -Sponville (1997, p.13) diz: “é preciso começar pelo mais escuro, buscar o vazio, e o negro, e o nu, e chegar progressivamente a luz”.
Desta forma, a vida deve ser sempre um processo de transformação do homem enquanto ser angustiado, e para se viver este processo angustiante é necessário fazer uma escolha, mas para se fazer uma escolha bem feita deve-se saber primeiramente o que se vai escolher, o ser humano deve saber primeiro como se dá esta angústia para depois vivê-la.
O que o ser humano pensa da palavra angústia? O que se tem de angústia é muito negativo, pois a realidade mostra que aquele que se encontra em angústia devido uma escolha esta fora dos padrões desejados da sociedade, a angústia hoje esta caracterizada pela depressão, tristeza e isolamento.
[...] aspectos negativos estão sempre correlacionados à palavra angústia, que no bojo dos relatos fenomenológicos descrevem características de transtorno psíquico como as doenças bipolares, depressões e tantas outras que constroem um quadro envolvendo os afetados (OLGA, 2006, p.25).

Dentro destas características que não estão na sociedade atual, uma delas é a inocência. A inocência na atual realidade se encontra em crise, pois não se tem mais o verdadeiro conceito de inocência. O que se pensa de inocência é aquilo que nada cabe ou até mesmo não se da conta de nada. Para Kierkegaard (1843, p.63), “a inocência é a ignorância”.
O que Kierkegaard quis dizer é que o homem enquanto inocência ainda esta em estado espiritual, mesmo mantendo um estado de união com o material, ou seja, com seu corpo. O que caracteriza a inocência no homem é o seu ainda sonhador, o estado sonhador deixa o homem fora de si, desta forma ele não consegue distinguir entre o bem e o mal.
O homem atual não quer mais ser sonhador, pois deseja sempre mais para si, não pensa mais no seu espiritual e, por isso, fica apenas no material naquilo que é sensível. É necessário que o homem volte ao seu estado de inocência original para poder começar novamente sua caminhada, no estado original de inocência ele vai encontrar o verdadeiro nada e assim viver a angústia.
Neste estado, há calma e há repouso; mas não há, ao mesmo tempo, outra coisa que contudo, não é perturbação nem luta, pois nada existe contra que lutar. O que há então? Nada. Mas que efeito produz este nada? Este nada engendra a angústia. Eis o mistério profundo da inocência: ao mesmo tempo é angústia (KIERKEGAARD, 1843, p.63).

Ao começar viver este nada na inocência, o homem começa a criar possibilidades, dentro destas possibilidades ele pode escolher e assim viver sua angústia. Para que haja uma escolha consciente e sem influências é necessário que exista liberdade.
Nesta liberdade deve existir para o homem a possibilidade de construir e também de destruir algo dentro de si mesmo. A construção de algo dentro de si exige assim uma auto-liberdade, e ser livre é estar contribuindo para a própria construção, para a própria realização interior e pessoal. Para que o homem possa construir algo dentro de si é necessário também estar renegando algumas coisas, mas isto se inclui enquanto possibilidade. Não é possível ao homem escolher tudo, desta forma ele nega para depois escolher.
[...] o Indivíduo encontra-se numa situação de pura possibilidade, a possibilidade de criar algo do nada. O indivíduo é livre. Ser livre significa contribuir para a própria realização, mas significa também poder negar essa realização, significa tanto destruir quanto construir (GILES, 1975, p.19).

As escolhas no homem começam no período da infância, a criança tem a angústia dentro de si mesma, pois tudo passa a ser uma escolha do nada para uma construção futura, tudo que a criança faz vem de encontro com seus sonhos de construção de vida. Kierkegaard (1843, p.63) diz: “a angústia é uma determinação do sonhador”. Sendo assim para Kierkegaard toda criança tem dentro de si um sonhador.
Toda criança tem dentro de si um sonho a ser realizado, mesmo em contextos tristes de fome, guerra, dor ou desespero a criança não deixa de sonhar. Como a angústia é um processo de construção do ser, a criança vai construindo sua vida, sua personalidade através da angústia.
Quando o homem não vive bem este processo na infância, vê-se obrigado a vivê-lo no estagio da vida adulta e isto pode ser muito doloroso, pois no estado adulto nem sempre se tem sonhos que partem de um nada.
[...] A angústia é tão essencial a criança que ela não quer dispensa-la; mesmo quando inquietada pela angústia, a criança encanta-se com esta doce inquietude. Em todos os povos onde a infância se conserva como uma disposição sonhadora do , existe tal angústia [...] (KIERKEGAARD, 1843, p.65).

A angústia já nasce dentro do homem, pois a todo o momento o homem escolhe, ele é livre para assumir suas escolhas, mas Kierkegaard passa a determinar duas formas de angústia, a angústia objetiva e a angústia subjetiva. Para Kierkegaard (1843, p. 69), “a angústia existe com se já estivesse perdida”, ou seja, quando o homem não dá credibilidade a sua própria angústia como processo de construção ele acaba a ignorando. Desta forma Kierkegaard para melhor mostrar este conceito de angústia, apresenta dois tipos de angústia.
Ao separar as formas de angústia Kierkegaard tenta mostrar mais claramente como a angústia atua na vida do homem. O autor Gastão Pereira (1968, p.15) diz: “existem graus de angústia, a angústia é sempre uma grave afecção de , capaz de ganhar inúmeras formas, ou modalidades, pondo em perigo a vida”. Sendo assim, Kierkegaard tem razão ao separar as formas de angústias existentes no homem.
O primeiro modo é a angústia objetiva, Kierkegaard determina que este tipo de angústia acontece mais no âmbito exterior do homem, pois através de suas escolhas o homem pode também infectar com suas escolhas os que estão ao seu redor. A angústia objetiva, parte do interior para o exterior, sendo assim é uma reflexão particular do homem que se mostra a todos através de seus atos e expressões. Ao sair da inocência no processo de angústia e colocar em prática a sua liberdade o homem mostra como deve agir a angústia objetiva.
A angústia se mostra como algo objetivo e leva a pensar em um processo que afeta a todo um grupo. Todo grupo humano tem como objetivo a felicidade para todos, e também para cada um enquanto indivíduo. Segundo Kierkegaard (1843, p.86), “O emprego da expressão angústia objetiva induzirá, de preferência, a pensar-se nessa angústia da inocência que é mero reflexo interior da liberdade como possível”.
A felicidade seria algo alcançável através do processo de angústia? Sim, pois a reflexão feita no processo de angústia humana deve mostrar o homem o caminho da verdadeira existência e sendo assim, o homem ao encontrar o caminho para a verdadeira existência encontra nesta existência autêntica a felicidade.
O caminho para o encontro da felicidade, através da angústia, é a entrega ao desconhecido, ou seja, ao nada. Quando ocorre esta entrega real ao desconhecido o homem no final do processo encontra sua felicidade e passa então a viver sua existência feliz e com muito mais intensidade.
A plena felicidade requer momentos de recolhimento e reflexão e ângulos de visão para empregar as coisas que façam no aprimoramento de nossas experiências a sua possibilidade de brilho e continuidade para a vida. Estar em disposição afetiva da angústia é entregar-se e permitir-se a esta abertura diferenciada – eu me oferto para o desconhecido, para o algo mais da vida em seu pleno projeto, sua existência [...] (OLGA, 2006, p.27).

A busca da felicidade esta nos processos vividos no qual a angústia predomina como processo central. Todo processo é dialético segundo Kierkegaard, sendo então dialético caracteriza bem a angústia objetiva, pois como envolve um grupo a dialética deve estar presente.
A discussão sadia e produtiva entre pessoas leva sempre a resultados agradáveis e satisfatórios, principalmente tratando-se de angústia e existência. Pois a cada reflexão feita esta incutida a de cada um, e sendo a angústia objetiva algo que vem de dentro para fora do ser, ao colocar sua amostra de todos o final da dialética do grupo é sempre um resultado que leva o bem de todos, e sendo assim alcança o objetivo da angústia objetiva.
Com este processo vivido em grupo todos alcançaram sua liberdade e felicidade, pois não existe outro caminho para a verdadeira liberdade e felicidade. Sendo assim a angústia não é para acomodados em sua existência, aceitar o processo de angústia exige muita coragem tanto do indivíduo como do grupo no caso da angústia objetiva.
[...] Somente através dessa angústia lhe será dado alcançar a liberdade; não há outro caminho para até ela chegar. Portanto, a angústia não é para poltrões. Aceita-la como único processo de projetar inteira luz sobre o fundo de uma existência banal é um passo difícil. [...] diante da angústia terá por único resultado a melancolia que se origina quando, tentando fugir de si próprio e buscando perder-se nas distrações, o homem descobre em si um resíduo de pressentimentos a dizer-lhe que toda a sua tentativa de fuga é em vão. A angústia é essencialmente dialética, pois é a possibilidade de algo que é e não é, que atrai e que repugna. (GILES, 1975, p.20).

A angústia objetiva exige mais do homem, pois ele tem que fazer uma reflexão interna para depois partir para uma reflexão mais universal, e isto exige dele um desdobramento de forças. Mas como seria então a angústia subjetiva, que Kierkegaard também coloca como outra forma de angústia.
O prisma na qual se encontra a angústia subjetiva é o prisma da que se encontra sempre na culpa. O sentimento de culpa sempre marcou a consciência humana, e isto implica o pecado, pois todo pecado é resultado do processo de culpa e conseqüentemente da angústia subjetiva.
O segundo modo é a angústia subjetiva que encontra-se no âmbito da reflexão interna do encontro com o “eu” do mergulho no próprio interior. “Quanto mais é possível definir a angústia sob o prisma da reflexão, mais fácil parece podermos convertê-la num sentimento de culpa” (KIERKEGAARD, 1843, p.92).
Como este tipo de angústia parte sempre da reflexão interna, principal característica deste tipo de angústia é um salto que o homem da na sua vida, um salto qualitativo, no qual ele descobre o verdadeiro valor da existência na qual surgiu do resultado deste processo de angústia.
O homem hoje não consegue mais dar este salto, pois está tão alienado pelo materialismo e consumismo exacerbado que não mais consegue refletir sobre si mesmo, falta ao homem se concentrar em si mesmo. Kierkeagaard (1843, p.93) diz que “pode comparar-se a angústia a vertigem”, pois a vertigem vem do fundo, parte de dentro do ser para o externo e assim deve ser a angústia subjetiva, partir de dentro para fora.
Assim como a angústia é uma vertigem e toda vertigem parte de grandes momentos, a angústia sempre parte da possibilidade da liberdade, e para bem escolher deve-se sair da liberdade à verdadeira escolha.
Quando o olhar mergulha num abismo, há uma vertigem, que tanto no vem do olhar como do abismo pois que nos seria impossível deixar de o encarar. Tal é a angústia, vertigem da liberdade, que nasce quando, ao querer o instituir a síntese, a liberdade mergulha o olhar no abismo das suas possibilidades e se agarra à finitude para não cair (KIERKEGAARD, 1843, p.93).

O sentimento de culpa que o homem carrega dentro de si, é a mais pura realidade, pois toda culpa sempre parte de uma realidade que traz o pecado em si.
A angústia subjetiva é a que melhor deve ser vivida, pois como a angústia é pessoal ele se adapta facilmente a realidade humana. “Para o homem tornado culpado na angústia, a culpabilidade é a realidade mais ambígua que se pode supor. Porém, a angústia é a realidade mais profundamente pessoal” (GILES, 1975, p.21).
Hoje as pessoas vivem sempre em depressão, lotando as clínicas terapêuticas, provocando doenças que saem de dentro de sim mesmo. O que realmente falta é uma reflexão séria sobre a existência, um mergulho dentro de si mesmo, um caminho seguro onde possa viver realmente o processo de angústia interna.
A angústia não é uma doença física, mas sim um estado de existência, um processo que engloba toda a realidade humana. As características externas da angústia podem ser vistas, pois exigem muito do ser humano. Todo processo de escolha do ser, no qual se da à angústia, exige muito do ser, pois escolher exige responsabilidade para suportar as conseqüências.
[...] a angústia é um sintoma, e o sintoma de uma doença por si só não significa muito se não for considerada como a expressão de um mal-estar e de um sofrimento que engloba todo o paciente. [...] a imaginação e a memória fornecem ao homem a partir de dados do passado e do presente, referências que modificam o conteúdo e mesmo a natureza das ações projetadas para o futuro. [...] a angústia causa um nó por dentro, que se apresenta com um aperto por dentro, que se apresenta cm um aperto no peito, nas dimensões de um vazio profundo, gerando uma ausência de vontade, presença constante nas estagnações e phatias (OLGA, 2006, p.25).

A mostra claramente o sentido que cada um deve dar a sua vida e juntamente com esta vem o sentimento de culpa e pecado, e para a racionalidade, que Kierkeagaard critica em , a culpa e o pecado não tem explicação. Desta forma cada indivíduo tem sua existência com suas características particulares.
A verdade para Kierkegaard é completamente subjetiva, pois as experiências são todas particulares, inclusive a experiência da fé. Tudo parte do nada e o nada é subjetivo, e desta forma, como todas as experiências começam do nada, tudo é .
[...]. Para Kierkegaard, o homem já nasce com o pecado. (Direi que o conceito de pecado é um conceito de culpa). Esse pecado não tem lugar algum no conhecimento. [...]. Kierkegaard situa o misticismo na pura , no sentido individual. Desse modo, toda experiência vivida é estritamente única e incomunicável, como o exemplo, dado por do corpo e da alma, em luta perpétua, um Abraão, da sua fé e da sua angústia. A verdade é subjetiva. O crente não pode escapar a angústia, porque nada lhe pode garantir que a sua fé em Deus corresponda a uma realidade. [...], Kierkegaard escreve: “Embora, nossa incerteza, por cima de uma profundidade de setenta mil pés eu creio’. Fora desse absoluto está o Nada [...] Finalmente, conhecer-se a si mesmo e se reconhecer pecador, pois o pecado entrou no mundo com o pecado, é tudo (GASTÃO, 1968, p.126).

Uma das formas mais sérias de se defender a do homem é pelo , pois no cada ser tem suas características dadas por Deus. Sendo então Deus o criador do homem, ele é o grau mais sublime da humanidade, no qual todos os seres estão buscando.
[...] no gênero humano prevalece a característica, precisamente porque cada indivíduo é criado à imagem de Deus, de que o indivíduo é mas elevado do que o gênero. É na defesa do indivíduo, uma vez assumido com toda seriedade que merece o evento fundamental da história que é o , se concretiza e se desenvolve toda a obra de Kierkegaard, [...] (REALE, 2005, p.227).

Portanto, toda forma de angústia seja objetiva ou subjetiva é particular de cada existência. Para que o homem busque sua real existência é necessário assumir o processo de angústia que se dá nas possibilidades apresentadas ao homem. A liberdade existe na para que o homem encontre o verdadeiro caminho e o verdadeiro sentido da sua existência. O homem que não toma consciência de sua angústia se encontra já em angústia, e pela falta de consciência não se liberta, faz-se necessário a busca em si mesmo para que se tome a verdadeira consciência da existência.
O processo de angústia e desespero são caminhos árduos que necessitam de uma intensa busca em si mesmo, um mergulho interior para o encontro real com a realidade interior.
Desta forma Kierkegaard ao descrever de varias formas a angustia e o desespero mostra que a real forma de libertação esta no encontro com o “eu” interior. Enquanto o homem se prende ao materialismo exacerbado da modernidade, perde completamente o rumo de si mesmo tornando-se superficial e desta forma sofrendo mais, pois se angustia quando não mais encontra respostas no material na superficialidade e diante das escolhas não sabe o que pode vir após as mesmas escolhas e por medo de assumir as responsabilidades perde as esperanças e não mais encontra saída.
Portanto, o homem deve tomar consciência de sua realidade interior, mergulhar em um silencio necessário para o encontro consigo mesmo e com Deus, para então desta forma se libertar. Tomar consciência de sua angústia e de seu desespero fazem do homem o médico de si mesmo, pois com esta realidade em mente, torna-se responsável pelas suas próprias ações.


REFERÊNCIAS

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DA SILVA, Gastão Pereira. Deus e a angústia humana. Belo Horizonte: Itatiaia, 1968.


GILES, Thomas Ransom. A História do e da Fenomenologia. São Paulo: EPU, 1975. p.1-22.


HACK, Olga, Angústia um sentimento positivo. Filosofia, São Paulo, v.1, n.1, p.25-31, 2006.


KIERKEGAARD, Aabye Sören, O desespero humano (doença até a morte). São Paulo: Abril Cultural, 1979. p.187-279. (Os Pensadores).


KIERKEGAARD, Sören. O conceito de angústia. Lisboa: Editorial Presença, 1843.


kIERKEGAARD, Sören. Temor e Tremor. Tradução de Torrieri Guimarães. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1968. (Edições Ouro).


REALE, Giovane; ANTISERI, Dario. . São Paulo: Paulinas, 1991. p.234-250. (Coleção Filosofia, v.3).


______. Sören Kierkegaard: a filosofia existencial do “individuo” e a “causa do ”. . São Paulo: Paulus, 2005. v.5.

___________________________________________________________________
REICHANN, Ernani. Sören Kierkegaard. Curitiba: Junior, 1972. p.251-279.
[1] Bacharel em Filosofia pela Faculdade Católica de Uberlândia. fortunatocarneiro@hotmail.com

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

"Crítica à metafísica: a fenomenologia"


O Curso de Filosofia da Faculdade Salesiana de Vitória convida a todospara a Palestra: “Crítica à metafísica: a fenomenologia”Organização: Curso de Filosofia da Faculdade Salesiana/4º período
Data: 12/novembro/2008
Local: Auditório da Faculdade Salesiana de Vitória
Horário: 19hs
Palestrante: Profº Edebrande Cavaliere / Diretor do Centro de CiênciasHumanas e Naturais da UFES, com graduação e pós-graduação lato sensu estricto sensu na área de Filosofia, com ênfase em Fenomenologia daReligião, atuando principalmente nos seguintes disciplinas:fenomenologia da religião, ontologia, fenomenologia, filosofia dahistória, filosofia do direito, teoria do conhecimento. Linhas depesquisa: Filosofia da Religião, Estudos Fenomenológicos e FilosofiaContemporânea. Atualmente ministra aulas de Teoria do Conhecimento noCurso de Graduação em Filosofia na UFES e Filosofia da Religião noMestrado de Filosofia a partir de agosto de 2008.S
erão concedidos certificados.Inscrições através do site:


Izabel Lisboa

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Filosofia, pulgas e educação!


A pergunta “As escolas estão/estarão preparadas para o ‘ensino’ de filosofia?” é um delicioso paradoxo! Pois, de fato, elas nunca estarão – o que é, por um lado, relativamente ruim, e, por outro, relativamente bom. No primeiro caso, se considerarmos a filosofia enquanto disciplina exata (o que é absurdo!); no segundo, exatamente por ela não ser exata e apontar para outras direções. Neste caso, deveríamos substituir o termo “filosofia” por outro menos vago.

Mas é óbvio que tal indagação, considerando-se quem a fez, está bem direcionada, ou seja, ela radica não de um interesse pela natureza da filosofia, mas por uma curiosidade (às vezes meramente mórbida!) acerca da formação do/a educador/a: competência didático-metodológica, domínio teórico, capacidade de articular o local com o geral, bem como o necessário com o contingente, análise acerca do desenvolvimento cognitivo dos/as educandos/as e coerência entre “possível” e “possibilidade” etc.

De modo que a “pulga atrás das orelhas” nos leva a tantas outras (pulgas? Não sei!), cuja análise e resposta não estão nas mãos da tão amada (por uns) e odiada (por outros) filosofia! Aliás, saliente-se que nem sempre aquele/a que faz tal pergunta sabe por que a faz. Daí não ser surpreendente encontrar gente das mais diversas áreas apontando seus inocentes (?) dedinhos para os fenômenos educativos: é que o “educativo”, por não ser tão visível – como muitos já tentaram – suscita precipitações homéricas que nem mesmo Homero entenderia! (se é que ele existiu, né gente?!). Mas isto é assunto para os literatos...

Cristiano Vasconcelos

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Edital 002/2008 EDITAL DE SELEÇÃO À PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA (MESTRADO / TURMA 2009)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS
DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA - PPGFIL
Av. Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, Vitória-ES, CCHN.
CEP:29060-970 Tel.: (27) 3335- 7623
E-mail: ppgfil.ufes@yahoo.com.br
Site: http://www.cchn.ufes.br/ppgfil/

Edital 002/2008
EDITAL DE SELEÇÃO À PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA (MESTRADO / TURMA 2009)

O presente edital foi aprovado pelo Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Filosofia, em Reunião Ordinária do dia 17 de setembro de 2008, em conformidade com o Regimento do Programa de Mestrado em Filosofia e, de acordo com as exigências da Resolução 25/1995 do CEPE.

1. VAGAS:
As vagas para admissão ao Curso de Mestrado em Filosofia da Universidade Federal do Espírito Santo, para ingresso no primeiro semestre de 2009, são de até 10 (dez). O Curso de Mestrado é presencial e funciona prioritariamente no turno diurno, exigindo-se do mestrando, pelo menos, 20 vinte horas de dedicação semanal às diversas atividades do Curso. Embora o número de vagas seja de 10 (dez), não é obrigatório o preenchimento integral das mesmas.

2. PERÍODO E LOCAL DE INSCRIÇÕES:
As inscrições far-se-ão na Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Av. Fernando Ferrari s/n, Campus Goiabeiras, no edifício administrativo do Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCHN), andar térreo, de 2ª a 6ª feira, do dia 13/10 a 05/12/08, no horário de 13 às 18 h, onde serão fornecidas as informações complementares aos candidatos. Aceitar-se-ão inscrições via SEDEX considerando-se a data da postagem até o dia 05/12/08.

3. DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA A INSCRIÇÃO:
O candidato, para se inscrever nas provas de seleção ao Curso de Mestrado, deverá apresentar à Secretaria do Departamento de Filosofia os seguintes documentos: a) formulário de inscrição, disponível na Secretaria do Departamento, devidamente preenchido, acompanhado de uma (01) fotografia 3x4 cm; b) cópia do diploma de graduação expedido por estabelecimento oficial ou oficialmente reconhecido, ou documento emitido por órgão acadêmico responsável que comprove estar o candidato em condições de concluir o curso antes de iniciadas as atividades escolares; c) prova de estar em dia com as obrigações eleitorais e/ou militares, no caso de candidato brasileiro, ou documentos exigidos pela legislação específica, no caso de estrangeiro; d) cópia da carteira de identidade e do CPF, no caso de brasileiro, ou documentos exigidos pela legislação específica, no caso de estrangeiro; e) Pagamento de taxa de R$ 100,00 na Secretaria do de Filosofia, no ato da inscrição (ver mais informações no Anexo III); f) Currículo impresso no formato da Plataforma Lattes, do CNPQ (http://lattes.cnpq.br/);
O deferimento do pedido de inscrição será feito pelo Colegiado do Curso de Pós-Graduação em Filosofia, que examinará toda a documentação apresentada. O resultado será divulgado no dia 10/12/08, em lista afixada na Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Somente serão aceitos os pedidos de inscrição que atendam às exigências deste edital.
Os candidatos, cujos pedidos de inscrição tiverem sido deferidos de acordo com os critérios estipulados, deverão ainda entregar, conforme item seguinte, o Anteprojeto de dissertação, a fim de poderem participar do exame de seleção para cuja realização o Colegiado de Pós-Graduação constituirá uma banca examinadora. Para a realização das provas escritas, cada candidato será identificado somente através de um número, que receberá por ocasião do deferimento da inscrição.

4. ANTEPROJETO DE DISSERTAÇÃO: O candidato deverá depositar, no período de 2 a 4 de fevereiro de 2009, das 14:00 às 17:00 hs, na Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Filosofia, quatro exemplares do Anteprojeto de Pesquisa que pretenda desenvolver como Dissertação dentro da Área de Concentração em Filosofia, subdividida nas seguintes Linhas de Pesquisa: 1) Metafísica; 2) Filosofia da Arte; 3) Filosofia da Religião. A descrição sumária das linhas e os docentes que as compõem estão no Anexo II. O Anteprojeto de Dissertação deverá ter uma indicação clara da sua inserção em uma das Linhas de Pesquisa, e ser redigido conforme normas contidas no Anexo I.
A não entrega do Anteprojeto de Dissertação no prazo estipulado implicará eliminação do candidato do processo seletivo. Não haverá, de forma alguma, devolução do valor da taxa de inscrição.

5. PROCESSO DE SELEÇÃO
O exame de seleção consta das seguintes Etapas:
1ª Etapa: Prova escrita versando sobre questões formuladas pela Banca Examinadora a respeito da bibliografia abaixo listada: 1)Platão. Fédon (Trecho 91d a 107b) In: Diálogos. Protágoras, Górgias, Fedão. Belém: EDUFPA, 2002; 2) Benjamin, Walter. “A obra de arte na época de suas técnicas de reprodução”(3ª Versão). In Textos escolhidos (Col. Os pensadores) São Paulo: Abril Cultural, 1983; 3) Ricoeur, Paul. Leituras 3 - As Fronteiras da Filosofia. São Paulo: Loyola, 1996, (pp. 163-205).
A banca elaborará uma questão para cada texto, mas na ocasião da prova será realizado o sorteio de apenas duas para serem respondidas pelos candidatos.
Esta prova receberá uma pontuação de zero a dez e terá caráter eliminatório, sendo eliminados os candidatos que receberem nota inferior a 7,0 (sete). Data do exame: 05/02/09, das 14 h às 17 h. A prova escrita será realizada obedecendo ao estabelecido a seguir:
I. O candidato não poderá consultar qualquer tipo de material; O candidato será identificado, na prova escrita, pelo número de inscrição, não podendo se identificar pelo nome sob pena de ser eliminado do processo seletivo. Os conteúdos da prova serão desenvolvidos a partir da bibliografia que consta neste item;
II. O candidato disporá de no máximo três horas para a elaboração da prova.
III. A avaliação da prova individual escrita será feita com base nos seguintes critérios:
a) Atendimento ao foco das questões, ou seja, o candidato deverá responder ao que se pergunta;
b) Conhecimento do assunto, ou seja, o candidato deverá sustentar o raciocínio, fundamentado na bibliografia designada e demonstrando capacidade de formulação própria;
A listagem dos aprovados nesta etapa será publicada dia 09/02/09 no Quadro de Avisos da Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFES.
Obs.: Estará automaticamente desligado do processo seletivo o candidato que faltar a qualquer uma das etapas do processo de seleção, ou chegar com atraso superior a 15 min do horário estabelecido e/ou não apresentar o Documento de Identidade e o Cartão de Inscrição para o acesso ao local de aplicação da prova escrita.

2ª Etapa: Prova de proficiência em língua estrangeira, (Inglês, Francês ou Alemão), que consistirá em tradução de texto filosófico escrito originalmente na língua estrangeira. Será permitido o uso privativo de dicionário da língua escolhida, sem compartilhamento com outros colegas. A prova receberá pontuação de zero a dez e terá caráter classificatório. O exame terá a duração de duas horas e realizar-se-á no dia 12/02/09, das 14 h às 16 h. No caso de o candidato ser reprovado no exame de proficiência (nota inferior a 7,0) e ser aprovado na Primeira e Terceira Etapas do processo seletivo, poderá repeti-lo, uma única vez, até o final do segundo semestre letivo do Curso de Mestrado, sem direito à prorrogação de prazo, em caráter eliminatório.

3ª Etapa: Entrevista com os candidatos aprovados na 1ª Etapa. Nesta entrevista serão abordados temas pertinentes ao anteprojeto de pesquisa proposto pelo candidato e requeridos esclarecimentos acerca de seu Currículo Lattes. Data: 13/02/09, em horário a ser divulgado. A entrevista será avaliada numa escala de zero a dez, com caráter eliminatório, sendo eliminados os candidatos que obtiverem nota inferior a 7,0 (sete). Critérios de Avaliação para a Terceira Etapa: 1) Coerência e pertinência do anteprojeto apresentado, do ponto de vista formal. Os itens que devem constar obrigatoriamente nos Anteprojetos encontram-se no Anexo I; 2) Coerência na argumentação das idéias, tanto na escrita do projeto quanto na argüição oral; 3) Viabilidade de realização do projeto dentro da duração do Curso de Mestrado; 4) Adequação dos objetivos do projeto de pesquisa a uma das três linhas de pesquisa do Mestrado em Filosofia da UFES e possibilidade de ser orientado por um dos professores do programa; 5) Disponibilidade para dedicação e compromisso com o Curso de Mestrado em Filosofia, caso seja classificado.
A listagem dos aprovados no processo seletivo será publicada dia 16/02/09 no Quadro de Avisos da Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFES.

Serão considerados habilitados os candidatos que obtiverem na soma das notas da prova escrita e da entrevista a média mínima de 7,0, no limite das vagas existentes, sendo a pontuação da prova de Língua Estrangeira somada para efeito de ordem classificatória, e os candidatos serão classificados na ordem decrescente do somatório das notas obtidas. Será garantido ao candidato o acesso às suas provas, e prazo para recurso de 48 horas, a contar da data de divulgação dos resultados. Em caso de um ou mais candidatos terminarem empatados, serão os seguintes, pela ordem, os critérios de desempate: 1) Maior nota na Entrevista (3ª Etapa); 2) Maior nota na Prova Escrita (1ª Etapa); 3) Maio nota na Prova de Proficiência em Língua Estrangeira (2ª Etapa)

Os casos omissos serão resolvidos pela Banca de Seleção, ouvido o Colegiado Acadêmico do PPPGFil-UFES.

6. CRONOGRAMA
O processo seletivo obedecerá ao seguinte cronograma:
- Inscrição dos candidatos:13/10/08 a 05/12/08;
- Apresentação da homologação das inscrições no dia 10/12/08;
- Entrega dos Anteprojetos de dissertação: 2/02/09 a 4/02/09;
- 1ª Etapa: 05/02/09;
- Apresentação dos resultados da 1ª Etapa –09/02/09;
- 2ª Etapa - Prova de Proficiência em Língua Estrangeira para os aprovados na 1ª Etapa – dia 12/02/09;
- 3ª Etapa - Avaliação do Anteprojeto e Entrevista para os aprovados na 1ª Etapa – dia 13/02/09;
- Apresentação do Resultado Final – dia 16/02/09. Não serão fornecidos resultados por telefone ou e-mail. A documentação apresentada pelos candidatos deverá ser retirada em um prazo máximo de 30 dias. Todos os resultados serão divulgados a partir das 17 h.

As aulas da 2ª Turma do Curso de Mestrado em Filosofia terão início no primeiro período letivo de 2009. Os candidatos aprovados e classificados deverão fazer sua matrícula na Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Filosofia, em data a ser divulgada. Para a matrícula, será necessária a entrega de fotocópia dos seguintes documentos: Diploma (ou certidão de conclusão de curso, caso o diploma não tenha sido emitido), Histórico Escolar do curso de graduação, Registro Geral (Carteira de Identidade), CPF, Certificado de Reservista (para alunos do sexo masculino), Título Eleitoral e comprovante de quitação com a Justiça Eleitoral.

ANEXO I

O Anteprojeto deve ser apresentado em quatro vias no prazo estabelecido neste edital, e deverá ter, no máximo, 10 páginas (digitados em fonte Times New Roman, tamanho 12, espaçamento 1,5), e deverá conter os seguintes itens:
a) Identificação (autor, linha de pesquisa e identificação de 1 nome de professor para orientação);
b) Resumo (até 10 linhas);
c) Objetivo (delimitação clara do tema a ser pesquisado a partir de bibliografia filosófica pertinente às linhas de pesquisa do Mestrado em Filosofia da UFES);
d) Plano de trabalho (contendo descrição dos capítulos em que o tema será desdobrado e cronograma das etapas de realização);
e) Justificativa (defesa da pertinência do tema enquanto pesquisa de dissertação de mestrado em filosofia);
f) Referências bibliográficas (com todos os textos citados no Anteprojeto e outros pertinentes ao desenvolvimento).
g) Data e assinatura.

ANEXO II
Linhas de Pesquisa do Mestrado em Filosofia (para maiores detalhes, consultar : http://www.cchn.ufes.br/ppgfil/)

I- Metafísica.
A questão do ser e a noção de verdade; a relação entre ontologia e linguagem; a Metafísica vista desde sua revisão histórica nos discursos pós-metafísicos.
II- Filosofia da Arte.
Estudo de temas e autores fundamentais relacionados às questões do belo, da arte, da criação artística e da recepção da obra de arte.
III - Filosofia da Religião.
Estudo de temas e autores fundamentais sobre a inter-relação entre ação, cultura, religião e mística.


Docentes do PPGFIL-UFES (para maiores detalhes, consultar : http://www.cchn.ufes.br/ppgfil/):
Professores permanentes:
- Bernardo Barros Coelho de Oliveira. Linha de Pesquisa: Filosofia da Arte.
Temas: Estética moderna, filosofia da arte (hermenêutica e teoria crítica), filosofia e literatura. Vagas: 05.
- Carla Francalanci. Linhas de Pesquisa: Metafísica e Filosofia da Arte.
Temas: Ontologia da imagem, beleza e verdade (Filosofia da arte); Verdade e aparência, linguagem e finitude (Metafísica). Autores: Platão, Aristóteles, Heidegger. Vagas: 05.
- Cláudia Pereira do Carmo Murta. Linha de Pesquisa: Metafísica.
Temas: Metafísica e Psicanálise. Autores: Platão, René Descartes, Sigmund Freud, Jacques Lacan, Alain Badiou. Vagas: 05.
- Edebrande Cavalieri. Linha de Pesquisa: Filosofia da Religião.
Temas: Filosofia da religião, fenomenologia da religião, hermenêutica da religião, fenomenologia do sagrado. Autores: Edmund Husserl, Edith Stein, E. Levinas, Martin Buber, Gadamer, Rudolph Otto, Kant e Hegel. Vagas: 05.
- Fernando Mendes Pessoa. Linhas de Pesquisa: Metafísica e Filosofia da Arte.
Temas: filosofia da arte, filosofia, poesia e literatura. Autores principais de filosofia: Nietzsche e Heidegger. Vagas: 02.
- Jorge Augusto da Silva Santos. Linhas de Pesquisa: Metafísica e Filosofia da Religião.
Temas: Metafísica e neoplatonismo - Ontologia e linguagem - Filosofia e Mística na Antigüidade clássica e tardia e no pensamento medieval. Vagas: 02.
- Marcelo Martins Barreira. Linha de Pesquisa: Filosofia da Religião.
Temas: filosofia e mística; hermenêutica contemporânea e religião; cristianismo e pós-modernidade. Vagas: 05.
- Ricardo da Costa. Linha de Pesquisa: Metafísica.
Temas: Metafísica, Ética, Alma, Filosofia e Literatura. Autores: Ramon Llull, Bernardo de Claraval, Álvaro Pais. Vagas: 05.

Professores Colaboradores:
- Arhur Araújo – UFG/UFES (Metafísica)
- Gilvan Fogel – UFRJ (Metafísica).
- José Pedro Luchi - UFES (Filosofia da Religião)
- Michael Soubbotnik – Convênio UFES/Univ. Paris Est (Metafísica)

ANEXO III
Informações sobre preenchimento da GRU para pagamento em http://www.cchn.ufes.br/ppgfil/ ou na secretaria do PPGFIL
Serão analisados pedidos de isenção de taxa de inscrição. Os pedidos deverão ser feitos até o dia 21/11/08, na secretaria do PPGFIL-UFES (ver edital específico com normas para este pedido em http://www.cchn.ufes.br/ppgfil/). O resultado da análise dos pedidos será feito até 28/11/09.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A política e o filosofar


O povo brasileiro tem a oportunidade de, no próximo dia 5 de outubro, escolher os prefeitos e legisladores municipais. É um tempo propício de exercer e amadurecer o nosso jovem Estado democrático.

No decorrer da história ocidental muitos filósofos escreveram sobre a temática política. Dentre muitos destaco: Platão na obra A República, almeja um Estado perfeito, Aristóteles no primeiro livro da obra A Política define o homem com “naturalmente um animal político destinado a viver em sociedade”. Para Agostinho os homens que vivem para Deus estabelecem a Cidade divina; Maquiavel em o Príncipe, descreve de forma realista a política praticada, no século XVI, Hobbes no Leviatã teoriza um Estado absoluto; Karl Max analisa as relações entre as classes, a burguesa e proletária. Detecta-se nestes os filósofos citados , a necessidade de uma forma de governo que estabeleça o convívio entre os homens.

Hodiernamente percebe-se um grande desinteresse da sociedade brasileira pela política. Tal atitude é expressiva particularmente na mentalidade juvenil, que não mais possui interesse pelos grandes projetos e valorizam demasiadamente a subjetividade, excluindo a alteridade e a sensibilidade social, numa ascensão do individualismo e de egoísmo autárquico do ideal helênico.

Tal desinteresse, a meu ver, tem duas origens. A primeira foi a queda do socialismo real que fez ruir também a confiança nas lutas políticas para transformação do sistema desigual. A segunda é o neoliberalismo que prioriza um Estado mínimo e consequentemente pouco empenho político no campo social, na medida em que dá prioridade à regulação pelo mercado e a não intervenção estatal nas relações econômicas.

Entretanto, mesmo com as desilusões, devemos distinguir e perceber que tais atitudes não podem ser consideradas males ontológicos da Política, e sim precisamente contra os governantes que corrompem a autêntica forma de exercer o poder político. Em tempo eleitoral torna-se ainda mais evidente tais comportamentos. A maioria dos candidatos parte das necessidades mais genuínas, especialmente da população pobre. Assim o “cidadão” somente é reconhecido em período eleitoral.

(Quero lembrar o poema de Bertold Brecht)

Portanto, todas as posturas são essencialmente políticas, se há a indiferença, despreocupação, compra e venda de votos o indivíduo justifica e conserva o estado atual. Por outro lado se há a indignação é da mesma que nascerão as tentativas de reformas ou transformações sociais.

Nesse cenário a missão do filósofo (a) pode ser orientada pela seguinte afirmação de Marx: “os filósofos têm apenas interpretado o mundo de diferentes maneiras; o importante, porém, é transformá-lo”. Cabe então, à filosofia estimular e esclarecer para a sociedade o valor de uma política com princípios e valores éticos que realmente possibilite acesso igual de oportunidades para a população.


Edson Kretle, aluno do 6º período.

Seminário Música do ES


sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Semana de Filosofia na UFES. Confira a programação


XI
SEMANA DE FILOSOFIA – 2008
20 ANOS

Desde a criação do curso de Filosofia há 20 anos destacaram-se professores, exprofessores, alunos e ex-alunos que, desejosos de conduzir a sociedade capixaba ao pensamento filosófico com originalidade e criatividade, rememoram nesta Semana de Filosofia o início de uma atividade tão nobre e tão necessária nas relações humanas no contexto do Ensino Superior, que é o ensinar a pensar criticamente a Deus, o mundo, a vida, as instituições, o homem e a mulher, atividade esta que se apresenta como ponto de partida do fascinante caminho em direção à reflexão filosófica.

Informações: Tel. 4009-2513
Inscrições no local
Certificado expedido pela UFES-Filosofia/ProEx
Exposição, durante a semana, do artista plástico Laerty Tavares
Tema: Estética: a quem interessa um padrão?

22 de setembro de 2008 (segunda-feira)
Moderador: Prof. Edebrande Cavalieri.
18:30h – Abertura da Semana de Filosofia-2008.
19:00h – Palestra: A importância da Filosofia no contexto educacional (Prof. Cleves Emerich dos Santos).
20:00h – Palestra: Trampolim do pensar humano (Prof. Karel Frans van den Bergen).
Debate.
Local: Auditório do IC-2.

23 de setembro de 2008 (terça-feira)
Moderador: Prof. José Pedro Luchi.
17:00h – Mesa redonda: Filosofia e Religião (Professores Antonio Vidal Nunes,
Edebrande Cavaliere, Luiz Antonio Dagiós, Marcelo Martins Barreira).
19:00h – Comunicação: Ensino de Filosofia: Sócrates, Lacan e Panciére (Profª Claudia Pereira do Carmo Murta).
20:00 – Palestra: O ensino da Filosofia na Educação Básica e seu caráter formador
(Prof. Anacleto Rodrigues da Silva).
Debate.
Local: Auditório do IC-2.


24 de setembro de 2008 (quarta-feira)
Moderador: Prof. Donato de Oliveira.
18:00h – Comunicação: Culto Afrodizíaco - A relação do profano e do sagrado no
culto à deusa Afrodite antes e depois do cristianismo (José Junior Ramos Pereira).
18:30h – Mesa redonda: Paixões da Alma: Filosofia, Arte, Psicanálise, Medicina
(Coord. Profª Claudia Pereira do Carmo Murta).
20:00h – Palestra: Apocalíptica: uma Filosofia da História (Prof. Joaquim Beato).
Debate.
Local: Auditório do IC-2.

25 de setembro de 2008 (quinta-feira)
Moderador: Prof. Jorge Augusto da Silva Santos.
18:00h – Comunicação: Algumas considerações sobre o Mênon de Platão (Profª. Carla Costa Pinto Francalanci).
18:50h – Palestra: Filosofia, Política e Direitos Humanos (Prof. Pedro José Bussinger).
19:50h – Palestra: A Filosofia dos Direitos Humanos na perspectiva da Antropologia Cultural (Prof. Aloísio Kröhling).
Debate.
Local: Sala de Seminário (entre o IC-1 e IC-2).
20:50h – Lançamento do livro "Quebra-cabeça: textos de filosofia" (Org. Joana Quiroga e Bernardo Sansevero).
Confraternização.
Local: ADUFES.

26 de setembro de 2008 (sexta-feira)
Moderador: Prof. Sergio Schweder.
18:00h – Comunicação: A hipótese do continuum de Darwin e a distribuição dos
fenômenos mentais entre diferentes espécies animais (não-humanas e humanas)
– notas de filosofia da mente e etologia (Prof. Arthur Araújo ).
19:00h – Comunicação: O processo filosófico em nossa América, segundo Salazar Blondy (Filício Mulinari e Silva).
19:30h – Palestra: América Latina: Índias Ocidentais ou Orientais? (Prof. Dulcino Venturim).
Debate.
Local: Auditório do IC-2.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Novo coordenador


Queremos de forma muito especial, agradecer ao professor Donizetti Sgarbi que nestes últimos anos, dedicou sua total atenção para a coordenação do nosso curso. Hoje, o Prof. Donizetti está morando lá em Petrolina, no Pernambuco.



Coragem em sua nova caminhada!!


Queremos assim acolher o nosso novo Coordenador de Curso, Prof. Mestre Paulo César Delboni. O professor Paulo já era professor titular no curso, lecionando as disciplinas de História da Filosofia Antiga, Medieval e No Brasil, Ética I e II.

Bem vindo a seu novo ofício!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A PROBLEMÁTICA DA EXPERIÊNCIA RELIGIOSA NA PÓS-MODERNIDADE


A evolução das sociedades aconteceu sempre. Vivemos uma época de mudanças incertas e sem condições de dizer ao certo quando iniciou. A última mudança mais drástica vivenciada pela humanidade foi no século XVI quando surgiu a Idade Moderna.

No seguimento da história, notoriamente depois da evolução analítica racional, pela qual, passou o ocidente muitas filosofias surgiram e proclamaram a morte de Deus, sobretudo Nietszche juntamente com o materialismo dialético marxista, se intitularam como os profetas da morte de toda metafísica. Demonstrando apenas o eco da filosofia transcendental teorizada por Kant.

Porém, a profecia Nietizchiana e marxista fracassaram. Na atualidade são inúmeras correntes filosófica que refletem sobre a problemática de Deus. A presença de um Ser Absoluto é percebida em muitos pensadores em suas investigações filosóficas. Tal atitude detecta-se em Aristóteles com o Primeiro Motor; Plotino com o Uno; Agostinho e Tomás com o Deus Cristão; Spinoza no seu Monismo-panteísta; Em Kiergaard o auxílio na angústia está em Deus. Heidegger e sua filosofia apesar de não sustenta explicitamente um teísmo, irá afirmar que somente captamos os entes e não o Ser, pois este é algo incapitável e inexprimível. Sendo assim torna-se algo que também apresenta categorias semelhantes a de um Ser Absoluto.

Após tal ilustração, evidencia-se pela tradição filosófica a valorização e a importância e da problemática de Deus. Transpondo a reflexão para o contexto metafísico na qual refletia-se acerca do Ser - Religioso. Esta experiência inicia-se pela Hieorofania, que se traduz na exibição do sagrado. Tal revelação pode ser melhor explicitada na seguinte citação:

“Não se trata de uma operação lógica, racional. A categoria transcendental da ‘altura’, do supraterrestre, do infinito revela-se ao homem como um todo, tanto a sua inteligência como a sua alma. É uma tomada consciência total: em face do céu, o homem descobre ao mesmo tempo incomensurabilidade divina e sua própria situação no cosmos. O céu revela, por seu próprio modo de ser, a transcendência, a força a eternidade. Ele existe de uma maneira absoluta, pois é elevado, infinito, eterno, poderoso”[1].

Tivemos uma alteração do que possuímos como modelo cultural, foi-se esfacelado. A cultura perdeu a sua unidade, sendo agora o indivíduo e não mais o sujeito como centro de tudo. Segundo Guilles Lipovetsky “nem o sujeito tem posse dele mesmo”. É um momento de espectadores, hiperconsumismo, do relativismo das crenças e das práticas religiosas: uma neutralidade. Há uma insegurança a tudo, idéias, ideologias e, inclusive, em relação ao religioso.

O Bom, o Belo, o Verdadeiro e o Religioso giram em torno do econômico.

Existe um paradoxo entre a religião e pós-modernidade. A modernidade aboliu a religião enquanto sistema de significados e motor dos esforços humanos, mas cria ao mesmo tempo, o espaço-tempo de uma utopia que em sua própria estrutura permanece em afinidade com a problemática da salvação.

“Uma cultura secularizada não é uma cultura que simplesmente deixou para trás os conteúdos religiosos da tradição, mas que continua a vivê-los como traços, modelos escondidos e distorcidos, porém profundamente presentes”[2].

A volta ao Sagrado, é uma volta legitima?
Hoje sob influência das transformações do tempo pós-moderno, o ser humano procura cada vez mais o Absoluto. Antes uma secularização ou uma dessacralização do sagrado, agora uma volta a busca do transcendente. Vejo uma procura por um Absoluto mágico, capaz de dar respostas e soluções imediatas. Uma relação muito parecida com a relação de consumo. Há uma posse do sagrado uma manipulação e seu uso está dentro da institucionalização da experiência do sagrado não é algo somente da religião, mas exógeno, pois acompanha o tempo em que se vivem às sociedades.

Nesse sentido compreende-se que a manifestação dar-se de diferentes modalidades e o Deus dos céus identificados como princípio criador do cosmos. O revelar do sagrado que deveria ser algo que remetesse o homem à transcendência, tornou-se o tempo hodierno uma deturpação do autentico significado do Ser-Religioso. E o Deus Supremo vai perdendo aos poucos sua atualidade religiosa. A posse do sagrado é evidencia nas religiões tradicionais através de dogmas, doutrinas e verdades que “aprisionam Deus”. Assim a revelação é falsificada e muitas religiões especialmente as neo-pentecostais e dizem que fazer milagres confundindo a intencionalidade específica da experiência mítica.

Nem todos são concebidos como Ser-Religioso por apenas participarem de uma instituição, alguns apenas encontram um local para terem preceitos para nortearem sua vida. “A vida deles não é transcendente em si; por isso, anseiam por um transcendente diante de si mesmos. Não são religiosos e, por isso, querem ter uma religião. Por outro lado, porém, a excessiva plenitude do homem religioso freqüentemente reflui para um dogma”[3]

A alternativa está numa dialética aberta e não fechada, pois segundo Desmond “se no meio religioso uma automediação dominante tenta subordinar a alteridade, ela pode produzir um esquecimento da alteridade sacra” (p. 202).

Percebemos que os discursos religiosos não se dão no “entre” metafísico. A intermediação metaxiológica é ela mesma plural. Ela é significativamente dupla, pois a mediação do entre não pode ser reduzida nem à mediação do eu nem à mediação do outro, caso alguma dessas duas posições proponha-se a mediar inteiramente o complexo entre.

Um grande desafio é o fato de vivermos num mundo pluralista, a sociedade é pluralista e não existe mais uma uniformidade. O conceito de idéias universais está em crise e daí entra o perigo de uma relativização em todas as coisas, de tudo, de todos os valores e principalmente do sagrado. Isso sem contar do indiferentismo. É desafiante também conseguir resgatar o sagrado que se manifesta na pluralidade.

Outro desafia é a racionalidade moderna que desconsidera a religião enquanto fonte de conhecimento e não percebe o contato com o transcendente como uma dimensão radicalmente humana. Cria-se um universo fechado, onde não há lugar para a transcendência: nele só há objetos.

Equívocos como a domesticação do sagrado, o formalismo e a racionalidade absoluta apontam, no entanto pista para o homem moderno. A presença do transcendente possibilita aos indivíduos um reencontro consigo mesmos, na provisoriedade. A identidade humana passa pelo encontro absoluto; aí o provisório faz sua síntese com o eterno.

A saída é conseguir aproveitar dos elementos que surgem da pluralidade e encontra nesse meio a manifestação do sagrado ou uma forma de viver autenticamente a relação com o sagrado.
É ser profeta è olhar para o passado estando num presente e conseguir perceber as mudanças e até as que irão acontecer no futuro. Ser uma pessoa de ação e mudar a realidade.

É ser místico è o que encontra inspiração no absoluto, em algo que transcende a si mesmo e a realidade; mas que vive a realidade, que abraça o mistério fazendo sua própria esperiência do inefável, mas sem absolutizar.


Edson Kretle dos Santos
José Arcizio Corteletti
Victor Pereira do Nascimento


[1] Cf, Eliade. Sagrado e profano. São Paulo: Martins fontes, 2001.
[2] Vattino, La società trasparente, 58-59.
[3] Simmel, L’etica e i problema della cultura moderna, 79.


Referência complementar:
MARTELLI. A religião na sociedade pós-moderna. São Paulo: Paulinas, 1995.
DESMOND, W. A Filosofia e Seus Outros Modos de Ser e do Pensar. São Paulo: Loyola, 2001.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Colação de Grau da primeira turma de Filosofia




Aconteceu no dia 26, a colação de Grau da Turma de Filosofia 2005/1. O evento marcou o iníco das primeiras, de muitas, turmas a se formarem na Faculdade Salesiana de Vitória com a parceria com o IFTAV. Queremos parabenizar todos os alunos formandos pelo término de seus estudos e boas sorte em sua caminhada de professor e para aqueles que continuaram seu caminho intectual, cursando teologia.


"O maior bem que pode existir em um Estado é ter verdadeiros filósofos."
(René Descartes)

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

FILOSOFIAFSV: mais que um mercado; uma fábrica.


Caro internauta não é a primeira e nem será a última vez que você verá uma página, na rede mundial de computadores, dar início a sua história, principalmente na efervescência constante de tecnologias que possibilitam o desenvolvimento de meios para que a comunicação global seja ainda mais veloz. Além disso, também não é a primeira e (creio eu) não será a última vez que você verá uma nova página propondo que a Filosofia adentre neste mundo digital. Por isso não fique emocionado com nossa atitude, mas sim atento ao que aqui for postado, pois será nada mais nada menos que resultado das nossas infinitas discussões no ambiente acadêmico ou onde a filosofia insiste em nos acompanhar.

Não serei pretensioso em afirmar que não existe outro campo do saber que tenha passeado tanto e em diversos ambientes como a filosofia: desde as praças de Atenas em que Sócrates por vezes filosofou; aos Jardins em que Epicuro buscava alcançar a aponia; às Academias fundadas por Platão; aos Liceus de Aristóteles repletos de peripatéticos; ao interior das Igrejas e Mosteiros Católicos medievais e da mente de alguns santos como Ambrósio, Agostinho, Anselmo e Tomás; às sinagogas judaicas causando algumas excomunhões como Acosta e Spinoza; aos salões imperiais; às inúmeras universidades européias (e por que não falar hoje: às inúmeras universidades do mundo); aos tantos cafés espalhados pelo globo; e tantos outros lugares que aqui não citei, mas que já sentiram a presença devastadora e construtora da “mãe de todas as ciências”.

E agora, eis mais um ambiente em que a filosofia encontrou morada: a internet. Uma morada em constante movimento. Morada que não se limita com paredes, mas com a acessibilidade de poucos. Morada da informação e porque não do conhecimento.

Morada? Prisão! A outra face da internet: tendenciosa a ser tão boa que leva ao acomodo do homem, deixando de viver com os outros para viver com a máquina e seu sistema binário – sistema esse que tem sua origem na filosofia. Prisão que pode, ao invés de contribuir para o desenvolvimento intelectual, atrofiar toda produção cerebral à dois comandos: Ctrl+C e Ctrl+V.

O que quero apresentar a você, caro leitor, ou melhor, caro internauta é uma nova ferramenta para construção de pensamento. Esse MURAL VIRTUAL ou BLOG não é um mercado de produções prontas e conceitos já formados, mas uma fábrica de pensamento, de conceitos e conhecimento. Essa é nossa proposta: abrir um novo canal para o contato da comunidade acadêmica e não-acadêmica com aqueles que estão almejando o título de filósofos e quem sabe um dia alcançar o calcanhar de alguns mestres como Pitágoras, Zenão, Ockham, Descartes, Kant, Hume, Nietzsche, Heidegger, Foucault, entre outros, e ter nossos nomes eternizados na história da filosofia.

A partir da presente data o pensamento dos alunos de Filosofia da Faculdade Salesiana de Vitória poderá se desprender das correntes que nós colocamos consciente e inconscientemente prendendo-o as salas de aula dos edifícios da instituição e ganhar o mundo, literalmente.

Se você chegou a ler até aqui: seja bem-vindo (a) à nossa vida!!!

R. V. Cordeiro (6º período)